Investigadores italianos disseram, este sábado, que o banco do Vaticano operava de forma a facilitar a lavagem de dinheiro, de acordo com documentos citados por dois jornais italianos, na sequência de uma investigação de três anos.
Investigadores italianos disseram, este sábado, que o banco do Vaticano operava de forma a facilitar a lavagem de dinheiro, de acordo com documentos citados por dois jornais italianos, na sequência de uma investigação de três anos.
O banco, oficialmente conhecido como Instituto para Obras Religiosas (IOR em italiano), não efetuou controlo suficiente sobre os seus clientes e os titulares de contas eram autorizados a transferir grandes somas de dinheiro para contas de outras pessoas.
"Há um elevado risco de que a forma como opera o IOR, sem especificar os seus clientes reais, possa ser usada como uma tela para esconder operações ilegais", escrevem os procuradores do Ministério Público, num documento citado pelo Corriere della Sera.
Os responsáveis culparam também os bancos italianos por aceitarem transferências do IOR sem investigar a origem do dinheiro, que é depois transferido para outros bancos.
"O IOR pode facilmente tornar-se num canal para a lavagem de dinheiro com uma origem criminosa", afirmaram os responsáveis, contrariando também as declarações do IOR de que os seus titulares de contas são todos congregações religiosas ou elementos do clero.
"Há também particulares que podem depositar dinheiro e abrir contas pela relação especial que têm com a Santa Sé", afirmaram.
A investigação está centrada na transferência de 23 milhões de euros efetuada a partir do banco do Vaticano para o Credito Artigiano em setembro de 2010, dos quais três milhões de euros seguiram depois para a Banca del Fucino e 20 milhões de euros para o JP Morgan Frankfurt.
A transferência foi assinada pelo então diretor-geral Paolo Cipriani e o seu adjunto Massimo Tulli, que renunciaram na semana passada.
Na final de junho, o papa, de 76 anos, criou uma comissão especial de cinco membros, cuja missão é investigar o banco e transmitir as informações direta e pessoalmente ao líder da Igreja católica.
O primeiro relatório da comissão deverá estar pronto em outubro e poderá levar a maiores reformas no banco.
O IOR não empresta dinheiro, mas gere fundos para os departamentos do Vaticano, obras católicas e congregações, bem como de padres e freiras que vivem e trabalham em todo o mundo.
O banco gere fundos no montante de cerca de sete mil milhões de euros.
Em maio, Rene Bruelhart, diretor da Autoridade Financeira do Vaticano, afirmou terem sido comunicados seis relatórios de atividades financeiras suspeitas no Vaticano, no ano passado, e três pedidos de informação de autoridades estrangeiras.
JN