Num jogo em que os opostos se tocavam, primeiro e último classificados (ambos em igualdade com outras equipas) encontravam-se numa Luz com assistência mediana, numa noite fria e pouco convidativa à fuga do quente da fogueira.
O Arouca, beliscado pela posição classificativa e por uma seca de vitórias para o campeonato, procurava contrariar o natural favoritismo encarnado com investidas de contra-ataques rápidos, à semelhança do que Pedro Emanuel já vinha mostrando contra os designados «grandes» nos tempos da Académica.
Desta vez não foi diferente, só que não foi dessa forma que os arouquenses chegaram à vantagem. Após falta de Fejsa, que foi dobrar uma falha de Bruno Cortez, o Arouca beneficiou de um livre, batido por David Simão para a baliza de Artur, aos 18 minutos.
O guardião brasileiro não fica isento de culpas, mas Bruno Cortez também não, pois não cortou a bola ao primeiro poste. Quem aproveitou para festejar foi David Simão. Aliás, não houve direito a festejos por parte do médio, que foi formado no adversário desta noite.
A propósito de Bruno Cortez, o brasileiro foi uma das novidades no onze encarnado em detrimento de André Almeida, registando-se também no onze de Jorge Jesus (ou de Raúl José) o regresso de Lazar Markovic, para a vaga do castigado Matic – o Benfica regressou ao 4x4x2, com Enzo e Fejsa no miolo, Markovic na direita, Gaitán na esquerda e Rodrigo e Lima à frente.
Os dois dianteiros foram, de resto, aqueles que mais se evidenciaram no primeiro tempo, não só porque o espanhol marcou o golo da igualdade aos 40 minutos, numa excelente jogada onde se envolveram Gaitán, Maxi e Rodrigo, mas também porque Lima teve uma primeira parte de grande desperdício.
O brasileiro falhou a primeira grande oportunidade de golo do desafio, atirando de cabeça ao lado, e permitiu a Cássio a defesa da noite aos 26 minutos, em novo cabeceamento, desta vez com selo de golo, mas com uma fabulosa intervenção do guardião ex-Paços de Ferreira.
Numa primeira parte dominada pelo Benfica, que teve várias oportunidades para marcar, o Arouca voltou a ter um lance de muito perigo ao cair do pano, só que Roberto deslumbrou-se quando ia isolado para a baliza e atirou para as mãos de Artur.
Carne toda no assador e… balde de gelo para cortar o efeito
No início da segunda parte era evidente a urgência de Jorge Jesus em inverter o resultado. Sulejmani foi a jogo e Bruno Cortez ficou nos balneários, recuando Gaitán para defesa esquerdo.
E a ofensividade encarnada continuou depois, já que Lazar Markovic, outra vez muito apagado, deu o lugar a Funes Mori. O argentino estreava-se da águia ao peito com um intuito: marcar golo.
Porém, quem o fez foi o Arouca outra vez. A equipa de Pedro Emanuel ia crescendo com o passar dos minutos, num contraste evidente com a do Benfica, a intranquilizar-se à medida que o jogo avançava, e marcou por Serginho, numa jogada onde ficou patente a passividade defensiva dos encarnados.
O Benfica tinha aquilo a que se tinha sujeitado numa segunda parte sem ideias, só que ainda conseguiria reagir. Perante um Arouca cada vez mais encolhido, os encarnados conseguiram descobrir Sulejmani, que foi travado em falta por Balliu, no entender do árbitro Rui Costa.
Penálti assinalado e golo de Lima, que fazia renascer a esperança encarnada. Os últimos minutos foram, pois, de um verdadeiro assalto à baliza de Cássio.
Ivan Cavaleiro, que entretanto também entrou em campo, atirou ao poste e Luisão cabeceou escandalosamente por cima da baliza arouquense.
Fim do jogo e mais um empate para o Benfica no seu reduto, outra vez contra uma formação que subiu de divisão esta época. Os encarnados isolam-se no comando do campeonato, mas poderão ver o Sporting fugir isolado e o FC Porto igualar a turma de Jorge Jesus.
Quanto ao Arouca, que realizou uma exibição baseada na segurança e no muito querer, teve um merecido ponto pela organização e pelo atrevimento, fugindo provisoriamente do último lugar.
zerozero