Empolgados pelas contas que podiam ficar já arrumadas, os encarnados só demoraram quatro minutos a perceber que a debilidade inicial do Vitória estava a meio. A passagem de Josué para médio não teve coordenação imediata e permitiu que, durante o primeiro quarto de hora, o Benfica pudesse criar lances suficientes para uma vantagem confortável.
Por zona central, onde havia descompensação do lado vitoriano, os visitantes tentaram derrubar a (débil) muralha vimaranense e, bem vistas as coisas, só se puderam queixar de si próprios por a investida não ter resultado. Pizzi, Jonas e Lima tiveram lances clamorosos, mas ou Douglas, ou a azelhice na cara da rede impossibilitaram que os fervorosos adeptos festejassem, eles que, antes do jogo, apenas tinham «34» na ponta da língua, envolvidos na sede de vitória em tom de «bi».
Paragem vital
Douglas terá sentido, ao minuto 15, uma dor e caiu no relvado, isto já depois de Josué ter estado a receber assistência durante alguns minutos. O calor era muito e o momento foi bem visto pelos atletas para se refrescarem. Mas não foi isso que realmente significou a paragem.
Rui Vitória corrigiu posicionamentos e uniu a segunda linha (Otávio, André André, Sami e Valente) à mais recuada, onde estavam os quatro defesas e Josué, quase como quinto. Era entre esse espaço que o Benfica estava a desequilibrar. Foi aí que o técnico da equipa da casa encontrou o buraco a ser tapado. Sobretudo a meio, onde Otávio e André André atuaram bem mais atrás.
O Benfica passou a ter os espaços bem mais curtos e muito pouca margem para Lima e Jonas receberem e tocarem. Por isso, o que se viu até ao intervalo foi um jogo bem mais equilibrado, com as águias a terem o controlo do jogo, mas com os vimaranenses a saírem com estofo para a transição rápida.
Restelo de boas novas
O segundo tempo foi mais escasso em emoção. Sobretudo porque os vimaranenses encaixaram melhor num Benfica ansioso e a acusar a pressão. Pizzi, a meio, cometeu vários erros, Fejsa foi demonstrando falta de pernas para os 90 minutos e a dupla ofensiva Lima e Jonas tinha espaço nulo. Para complicar ainda mais, Salvio e Gaitán erravam bem mais do que acertavam nas suas investidas.
Jorge Jesus estava em polvorosa. Via a sua equipa jogar no meio-campo contrário, só que sem criatividade e fulgor para encontrar espaço na área. De meia distância, ninguém tentava. E os adeptos calavam-se, tensos e nervosos, provavelmente a verem fantasmas anteriores.
O tempo passava e as alterações de Jesus não resultavam. Os vimaranenses faziam a festa. Até que, pelo rádio, pela internet ou pelo «passa palavra», chegava a boa notícia ao topo norte: golo do Belenenses!
Num ápice, mais que um golo e os olhos fora do relvado. Os adeptos do Benfica explodiram e deliraram. O título estava mesmo ali, era uma questão de minutos. Quase não mais se viu jogo. E nem com os seis de compensação. Tochas, cânticos, alegria e explosão de entusiasmo. Benfica bicampeão!
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