"Este ano, até agora, já recebemos mais de 34 mil reclamações sobre telecomunicações e o assunto mais reclamado deste setor tem sido o período de fidelização", disse à Lusa Paulo Fonseca, o jurista da DECO, lembrando que desde 2005 aquele setor lidera o "ranking" de reclamações enviadas à associação.
A DECO considera que os períodos de 24 meses de fidelização, que a lei das comunicações prevê, não têm justificação e, pelo contrário, impedem que haja um verdadeiro mercado, limitando o consumidor nas suas escolhas.
Depois de reunidas pelo menos quatro mil assinaturas, a DECO quer entregar a petição na Assembleia da República, pedindo uma alteração da lei no sentido de diminuir o prazo máximo legal de fidelização, dos atuais 24 meses, e impor critérios e limites aos encargos cobrados nesse período caso o consumidor opte pela mudança de operador.
A associação vai lançar o site www.liberdadenafidelização.pt, no qual é disponibilizada a petição e aos seus subscritores ainda um simulador sobre os períodos de fidelização praticados no mercado e a possibilidade de ser enviado aos respetivos operadores um email a pedir informação sobre os consumidores que desconhecem as condições dos seus períodos de fidelização contratados.
"Nos últimos dois anos a realidade portuguesa mudou muito e muitos consumidores já não têm a capacidade financeira de suportar custos acordados há mais de ano e meio", explicou o jurista da DECO, acrescentando que chegam a ser cobradas aos consumidores penalizações entre os 700 e os 800 euros.
A associação considera ainda que 24 meses é um período "excessivo e desincentivador" da mudança de operador, penalizando os consumidores, não só porque impede novas e melhores ofertas, mas também porque não responde aos desafios da sociedade portuguesa atual.
Outra das críticas dirigidas pela DECO é o impedimento de se poder beneficiar de ofertas mais vantajosas oferecidas pelo mercado por causa desse período de fidelização.
jn