O compromisso com a interdição do Diesel nessas quatro grandes cidades foi revelado no Encontro de Presidentes de Câmara C40 realizado, precisamente, na Cidade do México, com os líderes daquelas metrópoles a decretarem o seu empenho no aumento de veículos movidos com combustíveis alternativos e com o aumento de infraestruturas para a mobilidade alternativa e sustentável, nomeadamente, por via de bicicletas ou caminhos para peões.
Anne Hidalgo, uma das grandes ‘adversárias’ do Diesel e presidente da câmara de Paris e, agora, também da C40 Cities Climate Leadership Group (grupo de cidades que lutam contra as mudanças climáticas), já havia mostrado interesse em destituir dos Diesel a sua autorização para entrar na capital gaulesa ainda antes do caso Volkswagen, referente à manipulação das emissões poluentes, se ter tornado público. Agora, com o objetivo de tornar as cidades mais ‘limpas’, os motores Diesel terão os dias contados naquelas quatro grandes urbes.
“Os presidentes das câmaras já decretaram que as mudanças climáticas são um dos grandes desafios da atualidade. Hoje, também marcamos uma posição ao dizer que não toleramos mais a poluição do ar, os problemas de saúde e as mortes que causam – particularmente para os cidadãos mais vulneráveis”, referiu Hidalgo, apelando a que os construtores automóveis tomem medidas e que mais cidades se juntem nessa luta, reconhecendo as alterações climáticas como um dos grandes problemas do século XXI.
“A qualidade do ar que respiramos nas nossas cidades está diretamente relacionada com a forma como lidamos com as mudanças climáticas. À medida que reduzimos as emissões de gases de estufa das nossas cidades, o nosso ar será mais limpo e as nossas crianças, os nossos avós e os nossos vizinhos serão mais saudáveis”, referiu, por seu turno, Manuela Carmena, presidente da câmara de Madrid.
Estes anúncios surgem na senda daquele feito pelas autoridades alemãs, havendo neste país a proposta de banir os veículos com motor de combustão interna em 2030.
Paris estreia regime anti-poluição
Entretanto, num primeiro passo de luta contra a poluição, a cidade de Paris revelou já um plano para a redução das emissões poluentes, passando a exigir a partir de 15 de janeiro de 2017 um certificado de qualidade do ar (‘Crit’Air’), sendo que só os veículos munidos dessa certificação poderão entrar na Zona de Circulação Restrita (ZCR) que será imposta em toda a cidade francesa.
Esse selo será emitido pelo ministério da Ecologia e do Desenvolvimento Sustentável, informando dos níveis de emissões poluentes emitidas pelos veículos. Neste momento, existem cinco classes de veículos, sendo a Classe 1 a mais recente e ecológica e a Classe 5 a última das permitidas na cidade, correspondendo nos veículos ligeiros de passageiros à norma Euro 2 (veículos produzidos entre 1 de janeiro de 1997 e 31 de dezembro de 2000. Todos os modelos não classificados, entenda-se, matriculados até 31 de dezembro de 1996, não poderão entrar em Paris.
E em Portugal?
A cidade de Lisboa também conta com zonas de restrição de circulação a veículos mais poluentes, indo atualmente na sua terceira fase. A primeira fase foi implementada, em 2011, a Zona de Emissões Reduzidas no Eixo Av. Liberdade/Baixa, a qual proibia a circulação de veículos que não respeitassem as normas de emissão Euro 1 (veículos construídos antes de julho de 1992).
No ano seguinte, em 2012, a autarquia local deu início à segunda fase com o alargamento da ZER a mais zonas e com outros limites. No Eixo Av. da Liberdade/Baixa, por exemplo, apenas circulavam veículos afetos à norma Euro 2 (a partir de 1996 ou posteriores).
A terceira fase foi implementada a 15 de janeiro deste ano, mantendo a área geográfica (zona 1 e zona 2), bem como o horário e período de aplicação em que vigoram as restrições (dias úteis, das 7h00 às 21h00), mas com diferenças nos automóveis aplicados: na Zona 1 (Eixo Av. Liberdade/Baixa) apenas circulam veículos posteriores a 2000 (Euro 3) e na Zona 2 (limitada a sul da Av. de Ceuta/Eixo Norte-Sul/Av. das Forças Armadas/Av. EUA/Av. Marechal António Spínola e Av. Infante Dom Henrique), apenas circulam veículos posteriores a 1996 (Euro 2), isto é, veículos ligeiros fabricados depois de janeiro de 1996 e pesados depois de outubro de 1996.
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