Questionada pela Lusa sobre o interesse da Altice, fonte oficial da Oni disse que os accionistas da operadora "têm recebido várias demonstrações de interesse na empresa", escusando-se a avançar com pormenores.
A mesma fonte adiantou que "todas as abordagens têm merecido a melhor consideração e representam o reconhecimento do esforço e confiança no trabalho desenvolvido ao longo do tempo".
No entanto, "não existindo, até ao momento, qualquer alteração à situação actual da empresa, continuamos plenamente focados no desenvolvimento da nossa estratégia de serviços e no plano de negócio definido", adiantou.
A Lusa pediu um comentário da Cabovisão sobre o assunto, mas até ao momento ainda não foi possível obter resposta.
De acordo com fontes do sector, o processo já se arrasta há vários meses, depois de a Altice (fundada entre outros por Armando Pereira, de ascendência portuguesa, e também detentora do maior operador francês de cabo – Numericable) ter colocado em cima da mesa uma proposta de compra da Oni por um valor "que não chega aos 100 milhões de euros", metade do valor face a propostas de aquisição que a Oni chegou a receber no passado.
A proposta esbarrou contudo nas divergências existentes entre os dois maiores accionistas da empresa que detém a Oni, a Winreason, que por sua vez é detida pela The Riverside Company, com 60,9%, e a Gestmin SGPS, com 34,6%.
As mesmas fontes explicam os motivos do desequilíbrio entre os accionistas: "O interesse da Riverside é sobretudo ‘equity’, o interesse da Gestmin é dívida, porque também tem dívida na Oni. Perante uma determinada proposta, primeiro a dívida tem precedência e comerá a maior parte da proposta e o que resta é para distribuir pelos accionistas e aí a Gestmin receberia muito mais do que a Riverside".
Após a aquisição da operadora de televisão por subscrição Cabovisão em Fevereiro do ano passado por 45 milhões de euros à canadiana Cogeco, a Altice conseguiria com a compra da Oni a entrada no mercado empresarial, o alargamento da cobertura dos seus serviços a nível nacional, assim como a evolução para serviços de comunicações móveis, através da conversão da licença de wimax (acesso de banda larga), que a Oni tem, em licença de LTE (Long Term Evolution), ou seja, a quarta geração móvel.
Em declarações à agência Lusa na quinta-feira, o director-geral da Cabovisão, João Zúquete da Silva, admitiu a possibilidade de a operadora de telecomunicações passar a incluir na sua oferta o serviço de comunicações móveis.
Esta possibilidade poderá ser concretizada se a Cabovisão se transformar num operador virtual (MVNO) utilizando a rede dos operadores móveis como a Vodafone, a Sonaecom e a Portugal Telecom, ou através da transformação da licença de wimax, caso a Altice compre a Oni, explicaram as mesmas fontes.
IN Jornal De Negócios