Todas as manhãs, Manuel Costa segue de canadianas até ao trabalho, ajudado pela mulher ou pelo filho. À tarde, o processo repete-se, quando é hora de sair. Manuel é inspetor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), e apresenta-se na Direção Regional de Lisboa, apesar de uma junta médica da Segurança Social ter atestado que sofre de 92% de incapacidade.

O inspetor, de 58 anos, dependente de terceiros, tem problemas de coração, é diabético e sofre de apneia do sono. Um acidente manteve-o ausente do trabalho durante oito anos. Quando se apresentou à junta médica da Caixa Geral de Aposentações, Manuel esperava a reforma por invalidez. Foi considerado apto. A última foi em setembro de 2014. "Um polícia dependente é quase uma anedota", aponta o presidente do Sindicato dos Inspetores do SEF. Para Acácio Pereira, a situação é "inaceitável, para o serviço, mas sobretudo para a dignidade do funcionário".

O presidente do sindicato responsabiliza o Ministério da Administração Interna e questiona os critérios que levam uma junta médica a não aceitar os resultados de outra.

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