A doença pode desenvolver-se 20 anos depois do contacto com as substâncias
Uma investigação revelou que a exposição prolongada a pesticidas, dissolventes e inseticidas pode estar na origem da doença de Parkinson. O estudo, publicado na revista "Neurology", reforça, contudo, a importância do desenvolvimento de investigações mais aprofundadas que sustentem esta relação direta.
Desde os anos 80 que vários estudos sugerem que o uso de pesticidas pode estar na origem da doença de Parkinson, uma doença degenerativa do sistema nervoso central.
Um estudo anterior tinha já divulgado que a exposição a pesticidas aumenta até 70% o risco de desenvolver Parkinson, cerca de 10 a 20 anos depois do contacto com as substâncias.
A investigação, orientada por Gianni Pezzoli e Emanuele Cereda, analisou 104 pesquisas sobre esta temática e concluiu que há uma maior probabilidade de pessoas expostas a pesticidas, inseticidas e dissolventes padecerem da doença. No entanto, a equipa reconhece que é dificil provar que se trata de uma relação causal direta.
Pezzoli e Cereda explicaram que muitos dos estudos analisados "são pequenos, heterógêneos" e não controlam adequadamente a exposição às substâncias nem a dose ingerida. Mesmo assim, foi possível provar que a probabilidade dos pesticidas estarem na origem da doença varia entre 33% e 80%.
"Que os pesticidas aumentam o risco de Parkinson está claro, tanto quanto o tabaco provoca cancro de pulmão", explica Francisco Pan-Montojo, pesquisador espanhol da Universidade de Dresden, na Alemanha, especialista no assunto.
"Ainda não sabemos se há alguma característica genética que protege contra os danos neurológicos dos pesticidas ou até se existem herbicidas mais perigosos do que os outros", acrescenta o pesquisador.
Francisco Pan-Montojo afirma que é necessário proceder a mais investigações para obter dados mais conclusivos.
JN