Ovos e conservas são alternativas saudáveis, diz nutricionista.
Os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que mais de 320 mil famílias não têm capacidade para fazer uma refeição de carne e peixe de dois em dois dias. A Cáritas Portuguesa confirma o aumento substancial do número de famílias sem acesso a estas duas fontes de proteína.
"Preocupa-me muito, porque estamos a falar da sobrevivência das pessoas e do respeito essencial pela sua dignidade, um elemento constitutivo. Sem uma alimentação equilibrada, as pessoas não podem, de forma alguma, ter condições anímicas e que as levem a olhar com esperança para o futuro", refere à Renascença o presidente da Cáritas, Eugénio da Fonseca.
Idosos e mulheres estão entre os mais atingidos pela situação, tal como as famílias numerosas e, por outro lado, as monoparentais. O presidente da Cáritas foca a preocupação nos mais novos e nos mais velhos, pois nas "crianças pode condicionar o seu desenvolvimento equilibrado e os idosos estão mais expostos a determinado tipo de doenças", como a tuberculose, cuja incidência tem vindo a aumentar.
A Cáritas tenta minimizar as carências por via da ajuda financeira directa às famílias e do apoio do sector da restauração, através dos "excedentes que resultam do consumo feito em restaurantes e que algumas instituições vão buscar ao fim do dia".
Para o nutricionista Nuno Borges, da Associação Nacional de Nutricionistas, "não comer carne e peixe é mau, mas não é péssimo". No seu entender, o que mais importa é a "capacidade de fazer as melhores escolhas com muito menos recursos".
"Não comer carne e peixe é mau, mas não é péssimo. Quais são as alternativas? O leite e seus derivados, os ovos e a conserva clássica, que é muito interessante na relação quantidade proteica/euros", refere Nuno Borges à Renascença.
Fonte: Renascença