“Mais do que uma inversão de ciclo, para já apenas podemos falar em tentativa de estabilização da economia portuguesa”, refere a análise do IMF aos dados do PIB divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O Produto Interno Bruto (PIB) português cresceu 1,1% no segundo trimestre, face ao trimestre anterior, interrompendo um movimento de queda que dura desde os últimos três meses de 2010, mas continua a cair em termos homólogos.
De acordo com a estimativa rápida divulgada hoje pelo INE, o PIB terá crescido 1,1% entre abril e junho deste ano, em comparação com os primeiros três meses do ano, altura em que caiu 0,4% também em cadeia (face ao trimestre imediatamente anterior).
“Segundo o IMF, o comportamento das exportações tem sido positivo, “mas é cedo para se concluir que a procura interna irá recuperar de forma sustentável”.
Destaca que “os números mais recentes do comércio internacional também já mostravam uma estabilização das importações, o que aponta para uma normalização na evolução do consumo privado e do investimento”.
No entanto, afasta o cenário de inversão do ciclo económico e antecipa que “os grandes riscos estão relacionados” com o próximo ano.
“Assumindo que o contexto internacional seja favorável, os grandes riscos estão relacionados com 2014, nomeadamente, com a aplicação de um Orçamento do Estado que deprima a procura interna como resultado da reforma do Estado ou de novas medidas de austeridade”, salienta a IMF.
Acrescenta ainda que “será também em 2014 que se levantarão mais dúvidas sobre a capacidade de Portugal voltar aos mercados”.
“Dado que se prevê que o país venha a garantir uma linha de crédito preventiva, pode ser necessário implementar mais medidas de consolidação orçamental”, alerta a IMF.
Já esta manhã, a Universidade Católica considerou que o crescimento trimestral de 1,1% do PIB português “surpreende pela positiva”, mas alertou que “ainda é cedo para falar em inversão do ciclo económico” em Portugal.
Apesar da recuperação verificada no segundo trimestre deste ano, em termos homólogos o PIB continua a cair. A quebra apresentada neste segundo trimestre do ano foi de 2% face ao segundo trimestre do ano passado, e só não foi mais expressiva devido a uma queda mais leve do investimento (em especial na construção) e por um efeito de calendário (a celebração da Páscoa em março deste ano, quando no passado foi em abril) que provocou assim uma aceleração expressiva das exportações de bens e serviços.
Assim, a economia cumpriu também 10 trimestres de queda em termos homólogos.
A maioria das previsões antecipava um crescimento no segundo trimestre entre os 0,3% e os 0,6%.
Fonte: NM