O Engº de Telecomunicações Eliseu Macedo, que têm colaborado com este blog e é um cidadão muito atento e preocupado com a melhoria do sistema televisivo digital, também enviou uma resposta à consulta pública da Anacom, relacionada ao futuro da TDT.
Destaco, a seguir, alguns pontos abordados pelo Engº (os enunciados em negrito são do blog).
Sobre os problemas da rede atual e a possibilidade de alteração para um sistema de multi-frequências:
“Os problemas que afectam a rede actual SFN não derivam de fenómenos novos nem desconhecidos. É sabido que as zonas costeiras sempre foram locais propícios a modos de propagação que permitem recepção a longa distância nas faixas de VHF e UHF, muito para além de linha de vista.”
O não cumprimento do título habilitante:
“A rede SFN actual no canal 56 tem igualmente sofrido imenso com a variabilidade intrínseca das condições de propagação em praticamente todo o país, fazendo com que a disponibilidade do serviço em SFN indicada no título habilitante esteja claramente comprometida. A disponibilidade indicada é de 99,9906% para um período de 2 anos, ao que correspondem cerca de 82 horas de indisponibilidade. Para grande parte da população, este período máximo de indisponibilidade foi já largamente ultrapassado violando esta alínea do título habilitante.”
A possibilidade de haver canais regionais:
“Ao desdobrar a rede nacional SFN em pequenas redes MFN de SFNs, fica desde logo facilitada uma futura introdução de televisões de âmbito regional. O Multiplex A poderá ter variantes ao longo do território, com serviços diferenciados consoante a região. Em alternativa, um dos MUXs adicionais planeados pode ser utilizado por cada região SFN para serviços regionais.”
A necessidade de liberalização do mercado para a instalação de repetidores:
“Durante a implementação da actual rede TDT no território nacional surgiram por diversas vezes conflitos em vários pontos do país causados pela falta de cobertura terrestre e falta de acordo com o operador de rede para a instalação de emissores ou gap-fillers. Em muitos outros locais foram as populações ou autarquias que resolveram o problema com a instalação de redes cabladas ou mesmo com gap-fillers não licenciados. Ora, esta não é uma situação desejável. Compreendendo que pode não ser interessante do ponto de vista financeiro do operador de rede instalar um emissor ou gap-filler em todos os locais onde são solicitados, é também um direito das populações isoladas aceder ao serviço de televisão digital em condições tão próximas quanto possível da restante população. Proponho então o seguinte: Que seja dado enquadramento legal e formalizado um processo de licenciamento para micro-repetidores instalados por terceiros (que não o operador de rede).”
Oportunidade para o lançamento de novos canais e novos serviços de comunicação eletrónica via TDT:
“Devemos aproveitar esta oportunidade para melhorarmos tudo o que pudermos, como por exemplo tornar a oferta TDT mais ampla (pelo menos até à capacidade total do MUX A) o que funcionaria como contra-partida para as necessidades de reajustes por parte da população, garantir no planeamento futuro a reserva de capacidade para MUXs adicionais (incluindo o MUX Distrital).”
O documento completo enviado à Anacom pelo Engº Eliseu Macedo por ser lido aqui.
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