Médicos impedidos de prescreverem medicamentos por falhas no sistema informático
É mais um sistema informático que está a impedir o funcionamento correto de um serviço de atendimento público. As receitas médicas estão a ser prescritas, a título excecional, em modo offline.
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) veio a público criticar os problemas do sistema informático de saúde que têm deixado "profissionais e cidadãos" à beira de um ataque de nervos. A denúncia de uma das entidades sindicais dos médicos em Portugal fala nas dificuldades de aceder às fichas clínicas dos pacientes e na impossibilidade de prescrever medicamentos.
O problema tem afetado várias unidades em todo o país, sendo os casos mais graves nos centros de saúde ligados ao servidor da Administração Regional de Saúde do Norte. Segundo um comunicado enviado pela entidade, e citado pelo Público, "o panorama caracteriza-se por uma assinalável e comprometedora lentidão no acesso e desempenho das várias aplicações".
"Trata-se duma situação gravíssima que coloca os médicos a trabalhar em situação de risco, uma vez que tais bloqueios podem comprometer o acesso a informação relevante e, desta forma, a própria segurança dos cidadãos", relata a FNAM.
A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), que é responsável pela gestão do Serviço Nacional de Saúde, já reconheceu o problema e permite a título excecional que a prescrição de medicamentos possa ser feita em modo offline até dia 31 de julho. Desde o dia 1 de junho que todas as prescrições devem ser feitas por via eletrónica.
A ACSS garante que este plano de "emergência" já estava definido em caso de falhas no sistema informático, que têm acontecido por causa da sobrecarga de acessos causados pela obrigatoriedade da prescrição eletrónica e pelo facto de a adesão da maioria dos fornecedores ter acontecido nos dias que antecederam o início do prazo legal, 1 de junho.
"A entrada massiva em produção dos software de prescrição no dia 3 de junho teve um impacto negativo no sistema central, provocando um comportamento inesperado de intermitência na disponibilidade dos serviços ou na insuficiência na implementação das novas regras", escreve a ACSS numa nota.
Os sistemas informáticos de serviços públicos portugueses têm sido alvo de várias críticas por parte dos trabalhadores das diferentes divisões. Ontem, 18 de junho, o Sindicato dos Trabalhadores de Impostos denunciou que a infraestrutura do sistema não está a conseguir dar resposta ao grande número de pessoas que têm recorrido às repartições das Finanças para regularizar o IUC.
Em maio tinha sido a vez do Sindicato dos Oficiais de Justiça (SOJ) e do Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) alertarem o Ministério da Justiça para a incapacidade da rede informática do sistema judicial português. O próprio Governo tinha aprovado em Conselho de Ministros um reforço e atualização do sistema informático que suporta o processo eleitoral para que não existam problemas no dia das Autárquicas.
TeK