Com as tempestades das últimas semanas, o oceano ‘comeu’ mais um pedaço de areal em muitas praias. Medições oficiais revelam dez zonas que não param de recuar: metade perdeu mais de 200 metros em 50 anos.
Portugal não pára de perder território para o oceano. Só entre a praia da Costa Nova do Prado e Vagueira, em Ílhavo, o país cedeu ao mar cerca de 270 metros de areal nas últimas cinco décadas, recuando a um ritmo de mais de cinco metros ao ano. Esta é uma das dez situações mais graves de erosão costeira no Litoral, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) avançados ao SOL. A esmagadora maioria fica no Norte e no Centro.
É no Inverno que a destruição das praias se torna evidente, mas acontece durante todo o ano. E é devida, essencialmente, à acção humana. "Costumo dizer que as praias nascem nas montanhas", refere o especialista em dinâmica sedimentar João Alveirinho Dias, explicando: "A areia existe no interior dos continentes, sendo transportada até ao mar pelos rios". E é precisamente nos rios que reside grande parte do problema: "O Douro parece uma cascata de barragens", aponta o investigador da Universidade do Algarve.
S. João da Caparica, perto de Lisboa, é uma das praias mais afectadas pela perda de território: nos últimos 50 anos, teve um recuo médio de cerca de 200 metros. Em toda a Caparica (entre S. João e o limite Norte do núcleo urbano), houve um recuo médio de cerca de 160 metros, ou seja, mais de três metros por ano.
Fonte: SOL