O Governo aprovou um novo regime de arborização e rearborização que, de acordo com a Quercus, favorece “unicamente as celuloses e a fileira do eucalipto”. Segundo a ONG ambiental, este regime “prejudica” a diversidade da floresta portuguesa e “compromete outras fileiras económicas”, como o montado de sobro ou o pinho.
“A desregulação das arborizações das espécies florestais de rápido crescimento produzidas em regime intensivo, como é o caso dos eucaliptais, é preocupante, dado que a sua crescente expansão promove um mau ordenamento do território florestal e favorece a propagação dos incêndios, com graves consequências para a defesa da floresta, e de pessoas e bens”, avisa a Quercus.
O novo regime vai conferir, legalmente, o mesmo impacto ambiental que uma plantação intensiva de eucaliptos. “[Esta não só é uma concepção errada mas também acaba por criar uma burocracia até agora desnecessária. Mais: com aplicação do mecanismo de comunicação prévia até 2 hectares de área a plantar, situação que se aplica à maior parte das propriedades a norte do rio Tejo, fica facilitada a plantação de eucaliptos com o aumento das monoculturas, e, ao invés, torna-se mais complicada a plantação de sobreiros, carvalhos, cerejeiras, freixos e outras árvores autóctones com elevado valor, as quais agora vão necessitar de comunicação prévia e, nas áreas acima dos 2 hectares, necessitam de autorização”, explica a ONG.
Segundo a Quercus, a centralização das competências de autorização no Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e o pequeno papel atribuído aos municípios, que apesar das suas responsabilidades ao nível do ordenamento do território e da defesa da floresta contra incêndios vão apenas emitir pareceres não vinculativos, constitui uma orientação que vai ser trágica para a floresta portuguesa.
A Quercus garante também que existem já proprietários que estão a plantar, ilegalmente, centenas de hectares com eucalipto, sem que haja qualquer pedido de autorização às autoridades competentes. “Pretender fazer crer e normalizar que uma silvicultura de baixa intensidade com espécies florestais autóctones seja idêntica aos sistemas intensivos, como no caso dos eucaliptais, com os impactos ambientais associados, não é de modo nenhum aceitável”, conclui a Quercus.
Fonte: Greensavers.pt