Social-democrata Nuno Morais Sarmento mostra-se surpreendido com a saída de Vítor Gaspar do Governo e com a divulgação da carta de demissão.
Os contratos de alto risco “swap” vão ser um problema para a nova ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, afirma Nuno Morais Sarmento, em declarações ao programa “Falar Claro” da Renascença.
“Não diabolizando os ‘swap’, parece-me evidente do ponto de vista político, fazendo apenas leitura política, que os ‘swap’ vão ser – não a passagem da pasta e a referência pelo ministro – é os ‘swap’ em que ela esteve envolvida que acho que são um problema”, refere o social-democrata.
Maria Luís Albuquerque “é a única cara conhecida lá fora” e vai manter o rumo, porque é a pessoa mais próxima de Vitor Gaspar, afirma o antigo ministro da Presidência.
Morais Sarmento espera que, no essencial, a nova responsável pelas Finanças não mude a posição de Portugal em relação aos compromissos internacionais assumidos, “por uma questão de confiança e credibilidade externa”.
Quando à saída de Vítor Gaspar e à divulgação de uma carta de demissão, Morais Sarmento considera que ambas as decisões foram surpreendentes: “A junção da carta é uma segunda surpresa. O Governo por ela optou, é a primeira vez que eu vejo uma carta de demissão publicamente conhecida. Que me recorde, não houve nenhuma até hoje conhecida. Acho que esta carta – só assim a entendo – foi escrita para ser conhecida.”
Passos Coelho "continua numa via muito autista".
Já Ferro Rodrigues sublinha os recados deixados por Vítor Gaspar na sua carta em que apresentou a demissão. “Deixa um conjunto de recados, sobretudo um recado da necessidade de haver liderança e coesão na equipa governativa e ele acha que só saindo é que se poderá reforçar a liderança e a coesão na equipa governativa, o que me parece que é um recado claro para o primeiro-ministro”, afirma o antigo secretário-geral do PS.
A saída de Vítor Gaspar “não é muito surpreendente, o que é surpreendente é a escolha da sua substituta”, diz o antigo líder socialista. Demonstra que o primeiro-ministro “continua numa via muito autista, sem se preocupar com as repercussões que as suas opções têm sobre o país”, sublinha.
Ferro Rodrigues considera que Maria Luís Albuquerque é uma governante fragilizada e defende a realização de eleições legislativas antecipadas no dia das autárquicas, a 29 de Setembro.
“Esta situação de permanente crise política, de intriga entre os dois partidos da coligação, de demissão agora do ministro das Finanças com uma autocrítica violentíssima sobre a sua própria política e os seus resultados, tem consequências gravíssimas. Isto não se resolve com mudanças de ministros para secretários de Estado em áreas destas, resolve-se dando a palavra aos portugueses, porque a democracia nunca é um aspecto negativo para a vida de um país”, defende o socialista Ferro Rodrigues.
Portugal enfrenta uma “crise gravíssima” é preciso mais do que uma “mera alternância” de partidos no poder. Ferro Rodrigues defende uma nova “maioria social”, superior a uma maioria absoluta.
Fonte: Renascença