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Taxas Euribor registam maior queda em 16 meses após corte de juros surpresa do BCE

Taxa a seis meses recuou 1,7 pontos base, na descida mais pronunciada desde Julho de 2012, mês em que Mario Draghi prometeu fazer tudo o que fosse preciso para salvar o euro.
As taxas Euribor reagiram em forte queda à descida surpresa dos juros por parte do Banco Central Europeu, uma decisão que promete ter impacto nas prestações do crédito à habitação dos portugueses.

O indexante a seis meses recuou 1,7 pontos-base para 0,324%, um mínimo desde 19 de Junho mas ainda acima da taxa de juro de referência, que o BCE colocou ontem num novo mínimo histórico de 0,25%. Este indexante tem assim mais espaço para recuar, sendo que na sessão de hoje registou já a queda mais acentuada desde 6 de Julho, precisamente também em semana de reunião do BCE. O mínimo desta taxa Euribor foi fixado em 0,293% em Maio deste ano.

Nessa altura os indicadores económicos apontavam para o acentuar da recessão na Zona Euro e semanas depois o presidente da autoridade monetária, Mario Draghi, prometeu que o BCE faria tudo o que fosse preciso para salvar o euro. Uma frase que permitiu um alívio da crise das dívidas soberanas na Zona Euro.

Na taxa a três meses, também muito utilizada como indexante do crédito à habitação em Portugal, a queda foi também acentuada. A Euribor 3 meses cede 1,1 pontos base para 0,217%, atingindo o valor mais reduzido desde 19 de Junho. O valor mais baixo de sempre foi atingido a 11 de Dezembro do ano passado nos 0,181%.

A queda foi generalizada em todos os prazos. No mais curto (1 mês) a taxa desceu para 0,122% e no mais longo (12 meses) recuou para 0,506%, ainda acima da taxa de juro de referência que esteve em vigor até ontem.

Mais barato, mas não há crédito

Ao cortar a taxa de juro, o BCE veio tornar mais barato o crédito. Mas isso não quer dizer que haverá mais crédito na economia. "Duvidamos que este corte tenha qualquer impacto na descida dos custos de financiamento dos países da periferia já que os bancos destes não têm rácios de capital adequados que lhes permita emprestar, independentemente dos juros", diz Azad Zangana, economista para a Europa da Schroders.

"Não é por causa disso [do corte de juros] que vai haver mais crédito", afirma Filipe Garcia, economista da IMF ao Negócios. "Alguém vai comprar uma casa porque os juros baixaram? Não. Os bancos continuam a não emprestar", sublinha. O financiamento junto do sector financeiro nacional continua a ser reduzido, nomeadamente para os particulares. E mesmo que concedam crédito, fazem-no com taxas elevadas, fruto dos "spreads".
jn

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