Serviço TDT tem gerado muitas queixas.
Dezenas de queixas sobre o serviço TDT, como falhas no som e imagem ou interrupções prolongadas na emissão, estão a chegar diariamente à Deco e o calor parece ser um dos responsáveis por o aumento do número diário de reclamações.
A Televisão Digital Terrestre (TDT) motivou desde fevereiro mais de 3500 queixas à associação portuguesa de defesa dos consumidores Deco e desde o pico de calor, há duas semanas, as queixas têm aumentado.
Em julho, a associação recebeu 324 denúncias sobre TDT e esta quinta-feira, nas primeiras horas da manhã, já tinha recebido 29.
"Decidimos voltar a disponibilizar no nosso site um formulário próprio de queixas sobre a TDT", explicou à Lusa Tito Rodrigues, jurista da Deco, apelando aos consumidores para que reportem falhas de serviço "pois só assim aceleram a resolução deste problema técnico que a empresa só quer resolver por completo em 2017".
O tempo mais seco e quente aumenta o efeito das interferências próprias da rede, explica a associação, e provoca problemas no som e na imagem ou interrupções prolongadas na emissão, explicou o responsável.
O último inquérito da Deco sobre o serviço TDT, a 1714 portugueses, concluiu que 62% dos lares com televisão digital terrestre relatavam problemas.
"Em vez de obrigar a PT a reforçar a cobertura, a ANACOM autorizou-a a utilizar frequências adicionais para difundir o sinal TDT. Mas aquela entidade reguladora já admitiu não estar segura de que a instabilidade seja resolvida", refere a associação.
O problema, diz a Deco, é a configuração de rede em Portugal porque, como a maior parte do país é servida pelo mesmo canal de transmissão (CH56), em cada local é possível que, além dos sinais do emissor mais próximo, capte sinais de emissores distantes.
"Se estes estiverem a mais de 67 km provocam interferência no sinal, como pi-xelização ou perdas de fluidez ocasionais, e até falha total", explica a associação.
Num relatório de 26 de junho sobre a TDT, a Autoridade da Concorrência recomendou mais canais de televisão em sinal aberto, públicos e privados, e nacionais e regionais e criticou a plataforma por se "limitar a replicar" a oferta do antigo sistema analógico terrestre.
A opinião da Autoridade da Concorrência foi de encontro às recomendações da Entidade Reguladora para a Comunicação (ERC) que, num parecer de finais de maio, recomendou a criação de "um ou mais canais" na TDT e considerou existir falta de competitividade no setor televisivo em Portugal.
Fonte: JN