“Gostaríamos muito que as universidades e os politécnicos se entendessem e criassem, de facto, regiões coordenadas para uma oferta coordenada”, disse Nuno Crato aos jornalistas, à margem da sessão de abertura da Escola de Verão de Matemática, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Para o ministro da Educação, “não faz sentido nenhum numa localidade haver um curso que tem cinco alunos e numa localidade não muito longe haver o mesmo curso com os mesmos cinco alunos”.
As vagas para o Ensino Superior em Portugal baixam pelo segundo ano consecutivo em 2013-2014, estando disponíveis para a primeira fase 51.461 novos lugares, menos 837 do que em idêntico período de 2012-2013, segundo dados do Ministério da Educação.
Questionado sobre a redução do número de vagas, Nuno Crato explicou que “faz parte de um processo contínuo, um processo de orientação da oferta para aquilo que é mais necessário e para aquilo que faz mais sentido em termos de procura”.
Esta redução resultou de “finalmente” se ter tomado uma decisão em relação a “um conjunto de cursos que tinham muito pouco procura e a um conjunto de cursos que associava uma procura muito baixa a uma empregabilidade muito reduzida”, sustentou.
Nuno Crato considerou que “tem todo o sentido” que os portugueses financiem o acesso ao ensino superior e apoiem os estudos superiores, “já não tem tanto sentido” que se ande, “ano após ano, a tentar que existam cursos que acabam por ter um ou dois alunos e que tem uma saída profissional muito baixa”.
Os presidentes do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Rendas, e do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Joaquim Mourato, criticaram no domingo o ministério por, praticamente, não ter tido em conta as suas propostas para a definição das regras de abertura de vagas de cursos superiores.
Reagindo a estas críticas, o ministro da Educação disse que o Ministério consultou as partes envolvidas, mas, comentou, “nem toda a gente pode ficar satisfeita com estas decisões”.
Sublinhou que, num “momento de grande dificuldade financeira”, o interesse dos alunos tem de estar em primeiro lugar.
Nuno Crato admitiu que a redução é “custosa, porque há sempre instituições que gostariam de continuar a ter alunos e continuarem a ter financiado cursos que não têm procura”.
Os presidentes do CRUP e CCISP acreditam que este ano o número de vagas sobrantes possa ser igual ou superior ao do ano passado, quando ficaram por preencher 8.547 lugares.
Nuno Crato disse ser “possível que sobrem vagas”, mas não há mal nisso: “O que há mal é quando os cursos já têm uma participação muito pequena”.
“É preciso reajustar, não faz sentido que as universidades e os politécnicos funcionem apenas em função dos recursos que têm, têm de funcionar em função dos recursos que têm e das necessidades do país”, reiterou.
Fonte: NM